23.10.07

Darwinismo, o Kansas e o politicamente correcto

Os fundamentalistas cristãos e os defensores do politicamente correcto têm um problema em comum: o darwinismo. Os fundamentalistas cristãos têm um problema com o darwinismo porque o darwinismo coloca em causa o argumento do desígnio. Se a ordem biológica tem uma explicação natural, então não é necessário nenhum Deus criador para a explicar e portante há menos razões para acreditar que Deus existe. Os defensores do politicamente correcto têm um problema com o darwinismo porque, se as diferenças entre seres humanos puderem ser atribuidas à evolução, o programa politicamente correcto, que culpa a sociedade pelas diferenças entre seres humanos, é totalmente ineficaz. O problema dos defensores do politicamente correcto é duplo: eles lidam mal com os mecanismos de selecção biológica que tornaram os seres humanos diferentes uns dos outros e com os mecanismos de selecção cultural que conspiram para tornar as suas políticas sociais ineficazes.

Note-se que os defensores do politicamente correcto são mais eficazes que os fundamentalistas cristãos a lutar contra o darwinismo. Os fundamentalistas cristãos caem no erro de negar o darwinismo. São trucidados por uma sociedade onde é politicamente incorrecto negar a ciência. Os defensores do politicamente correcto abraçam o darwinismo, mas negam, de forma subtil e sem criar muitas ondas, a sua aplicação ao Homem. O Homem e a sua cultura, dizem, venceram a selecção natural e transcenderam Darwin. E, claro, acreditam que a cultura humana é uma criação do Homem e não o produto da selecção cultural.