29.10.07

Rankings e a questão do "público vs. privado"

O hábito de comparar a performance do público com a performance do privado par daí aferir as vantagens de um sistema mais liberal vem do tempo das privatizações das empresas públicas. Já lá vão 15 anos. Na época era evidente que o sistema privado tinha uma performance melhor do que o público e que isso se devia à falta de incentivos à boa gestão no sector público e ao facto de as empresas públicas se encontrarem totalmente desligadas da procura.

Esse hábito não pode ser transposto directamente para 2007 e para a questão do ensino por várias razões:

1. Apesar de tudo, existem escolas públicas que escapam ao espartilho do Ministério da Educação, normalmente ignorando muitas das directivas que deveriam cumprir. Normalmente são escolas que não têm problemas em seleccionar os seus alunos e professores, livrando-se dos mais problemáticos e tentando atrair os melhores.

2. Não existe ensino verdadeiramente privado em Portugal. O que existem são concessões para que os privados possam desempenhar determinadas funções sob tutela do Estado. As vantagens do ensino privado dificilmente poderão ser observadas no ensino privado português porque o ensino privado tem que fazer o que o Estado manda.

3. O ensino privado e o ensino público competem com armas desiguais. O ensino público tem os seus custos de funcionamento e de investimento pagos pelo Estado. O ensino privado tem que pagar os custos de investimento e de funcionamento com as receitas que consegue atrair. O ensino público tem preço zero para o cliente, o ensino privado cobra propinas ao cliente.


Tendo em conta a total desigualdade de armas, é notável que algumas escolas privadas consigam aparecer no topo dos rankings.