Assim disposta por esta visão comecei a prestar mais atenção ao mundo associativo e desde então não tive mais um momento de enfado. É certo que as primeiras investigações resultaram numa enorme desilusão. Como foi possível que tivessem desaparecido sem um ai nem um lamento, associações como aquelas que espargiam amizade com a Albânia ou com a China? Que da amizade com a Coreia do Norte, nas nossas listas telefónicas, nada mais reste, além duma assinante que se apresenta como Floripes Coreia Liberal? (Há nomes que, temos de convir, têm algo de premonitório!)
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E em Portugal, nem o fascínio exercido por Chomsky na esquerda, impediu que o Partido Socialista Revolucionário criasse um Grupo de Trabalho Homossexual. Se de facto, alguém no PSR tivesse lido o seu mestre linguístico-político teria percebido que a designação padece duma bizarra ambiguidade, nunca sendo claro quem, no caso se reivindica homossexual - o grupo ou o trabalho?
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Contudo confesso que já quase a terminar este artigo descobri algo que ultrapassou tudo o que previra. E quando o descobri imediatamente percebi que ia demasiado tarde. Falo da Comissão de Utentes das Vias Interrompidas. Criada nas freguesias de Meixedo e Vila Mo, esta comissão deu lugar a um auto-denominado "Observatório Cívico". Como é possível trocar-se uma Comissão de Utentes das Vias Interrompidas por um anódino Observatório Cívico? Perda assim só a extinção do lince da Malcata.
Helena Matos, a julgar pelo primeiro parágrafo citado, ainda não conhece O Anacleto, associação de malfeitores que só agora começa a aparecer as pesquisas do google, e que ainda não consta das páginas amarelas.
Apesar do tom blasfemo, o artigo de HM vale mesmo a pena ser lido e objecto de reflexão. Aqui.