26.9.04

Este sim, é dos nossos!


Não era metediça, nem autoritária, antes pelo contrário. A minha Tia Clotilde gostava dos sobrinhos e tratava-os, desde sempre, como adultos. Tinha, perante a vida, uma atitude calma, que se traduzia numas dúzias de máximas e de directivas simples. Quem as quisesse seguir, muito bem. Quem não quisesse, era o seu problema. Quando, por exemplo, me preparava para viajar, já sabia que a sua última frase seria: "Não desças do comboio em andamento"! Quando sentia que estava a ultrapassar o seu papel de Tia amiga, terminava as suas advertências com uma conhecida sentença: "Era para teu bem!". É nela que penso hoje, todos os dias, cada vez que vejo o Estado ocupar-se do meu bem. Só que, com ela, era sincero. Com o Estado, tenho as maiores dúvidas. Que os padres, rabis, gurus e pastores de qualquer religião queiram impor comportamentos aos seus fiéis e seguidores, é lá com eles. Mas o Estado? Mesmo quando não está em causa o prejuízo claro de terceiros? (...)

Põe os olhos aqui, meu Caro CAA, isto é que já atinge foros de convicta Blasfémia, depois de uma longa, mas consistente evolução. E vinhas tu, sacrilegamente, tentar convencer-me das virtudes liberais do MST...