5.12.04

A frente marítima do Porto

é um local onde o pior das decisões políticas da cidade está à vista de todos.
Começa-se pelo célebre «Edíficio Transparente» cujas linhas fazem lembrar uma bancada de futebol, que foi construído sem um fim de utilização em vista, pago e bem pago por dinheiros públicos e construído em terrenos privados, cujo imbróglio legal, de propriedade e respectivo pagamento ainda se arrasta em tribunal. A hipótese de implosão do edifício não deveria ser afastada. Certo, certo é que ninguém aparece como responsável por tal situação.

Mesmo ao lado encontra-se um bonito viaduto, também ele construído em terrenos privados, sem que até ao momento tenha sido resolvida a questão da propriedade, expropriação e pagamento do mesmo. Recentemente foi-lhe acrescentado mais uma polémica: saber se o mesmo suporta a passagem de veículos da empresa do Metro do Porto. Ao que parece ninguém consegue dizer que sim nem que não.Em caso negativo, a CMP e o Metro do Porto propõe-se construir um novo viaduto, paralelo. Mais uma vez em cima de terrenos que ao certo ainda ninguém sabe de quem são. Também, evidentemente, ninguém se responsabilizará pela obra a mais....

Mais a sul, na Praça Gonçalves Zarco, vulgo Castelo do Queijo, encontra-se ao abandono um parque do estacionamento no subsolo que ainda não entrou em funcionamento devido a problemas estruturais de construção/planificação pois que o mesmo mete água....Que se sabia ninguém foi ainda responsabilizado.

E para terminar os disparates, no início da Avenida Brasil foi realizado um arranjo dos jardins, mediante o qual se retiraram os tradicionais bancos em madeira dos jardins sendo substituídos por bancos metálicos com capacidade para apenas uma pessoa se sentar. Bem sei que se diz que vivemos numa sociedade dita individualista, mas parece-me demais que, com dinheiro dos contribuintes, se impeçam os mesmos de continuar a desfrutar de bancos de jardins que não só davam para uma família inteira se sentar, como serviam para jogar cartas, alguém deitar-se ao comprido a ler ou a dormitar ou simplesmente namorar sossegadamente. Os bancos que agora ali estão instalados, são mesmos isso, uma «instalação» em que os bancos remetem para o isolamento e atitude própria de quem está na sanita....

Tudo isto é, como é evidente, obra e consequência dessa coisa tenebrosa chamada «Porto 2001». A senhora deputada socialista Teresa Lago, demais administradores da Porto 2001, os senhores ministros da cultura e a administração municipal de Nuno Cardoso (e a actual, se for caso disso), deveriam responder por estes disparates todos, pagando do seu bolso toda e quaisquer despesa que os contribuintes venham a ter de suportar para reparar tanto disparate e incompetência.