9.12.04

O caso Krugman

Paul Krugman continua numa espiral descendente de perda de credibilidade. Quando parece que já não é possível descer mais baixo, Krugman surpreende-nos com exercícios de propaganda ainda mais primários.

Enquanto economista, Krugman produziu algum trabalho interessante, ainda que limitado pelos problemas do enquadramento teórico em que se insere (uma mistura de formalismo neoclássico ortodoxo com heterodoxias neo-keynesianas), em áreas como a economia internacional e do crescimento. A sua anterior (relativa) qualidade como economista torna ainda mais lamentável o papel que actualmente desempenha nos EUA (e não só...) como "guru" da esquerda economicamente analfabeta.

Dado o seu perfil actual de propagandista a favor do socialismo, dificilmente Krugman poderia escrever num meio mais apropriado do que o New York Times que, como é sabido, tem uma sólida reputação nessa área (a análise de inúmeros exemplos da parcialidade socialista do NYT podem ser encontrados, por exemplo, no site Times Watch).

Vem esta curta reflexão a propósito do mais recente exercício propagandístico de Krugman, desta feita contra as (tímidas) propostas da Administração Bush no sentido de privatizar a Segurança Social. Para além das muitas deficiências do artigo (a este propósito, vale a pena ler a crítica de Donald Luskin), o que mais sobressai é o facto de, como bem nota também Tom Palmer, Krugman chegar ao ponto de se contradizer a si próprio. Atente-se no que o mesmo Paul Krugman (que agora afirma não haver nehuma crise significativa do sistema de Segurança Social) escreveu sobre o assunto em 1996 na Boston Review:

Social Security is structured from the point of view of the recipients as if it were an ordinary retirement plan: what you get out depends on what you put in. So it does not look like a redistributionist scheme. In practice it has turned out to be strongly redistributionist, but only because of its Ponzi game aspect, in which each generation takes more out than it put in. Well, the Ponzi game will soon be over, thanks to changing demographics, so that the typical recipient henceforth will get only about as much as he or she put in (and today?s young may well get less than they put in).


Decididamente, Krugman desistiu de ser um economista. Esperemos, para bem da credibilidade do prémio e da (pouca) respeitabilidade que a Economia ainda vai conseguindo manter como ciência, que a frequentemente falada atribuição do Nobel nunca se venha a concretizar.