Em Julho, Sampaio afirmou perante todos os portugueses que decidira manter a actual maioria a governar para que fosse prosseguida a mesma linha de rumo económica. Porque tal era vital para o futuro do país.
O Governo apresentou um Orçamento de Estado que invertia tal linha de rumo.
Especialistas, associações patronais e sindicatos, todos criticaram o Orçamento. Todos fizeram ver que seria melhor não aprovar o Orçamento.
Sampaio, limitado constitucionalmente nas razões a invocar para demitir o Governo, entendeu dissolver a AR. Aparentemente, não por o Governo ter alterado a política económica, que ele, PR tinha entendido ser absolutamente vital ser prosseguida, mas apenas porque, politicamente, o governo implodiu. E só concretizará a dissolução após a aprovação do Orçamento.
É uma contradição quase incompreensível. A não ser que ele vete a lei orçamental a seguir. Mas tal seria ser demasiado formalista.
Se ele entende (e bem, a meu ver), que o Governo não tem condições para governar, demitia-o segundo a única condição em que o poderia fazer constitucionalmente: para assegurar «o regular funcionamento das instituições», o que na sua análise política, não estaria a ser conseguido. Se com tal atitude, de imediato dissolve-se a AR (uma vez que a respectiva maioria parlamentar se mantêm), tudo seria mais claro. E seria compreensível e claro para os eleitores.
Desta forma, ao deixar passar o Orçamento, (de acordo com o spin do PR, para assegurar os aumentos dos funcionários públicos ? coisa mais ridícula!), creio bem que PR estará é a fazer um grande favor aos autarcas em ano de eleições.
Nota: Já repararam que com o absurdo sistema e lei eleitoral vigente, teremos este governo em funções durante mais quase 4 meses? O mesmo tempo de vida que teve até agora? Imaginam as confusões que mais 4 meses, debilitado, enfraquecido, em plena campanha, em luta interna, este governo não fará?