O Engº José Sócrates, vencedor anunciado das eleições de 20 de Fevereiro e futuro primeiro-ministro de Portugal, tem ultimamente exibido um estado de alma e um nervosismo impróprios de quem se prepara para receber tamanhas honrarias. Responde mal aos jornalistas, encerra as respostas abruptamente, virando as costas e acelarando o passo, empertiga-se por tudo e por nada.
Os motivos de tão estranho comportamento são, apesar de tudo, compreensíveis.
Por um lado, os «gurus» da campanha socialista hão-de ter explicado ao candidato que ele só tem vantagens em estar calado ou em falar o menos possível. Os partidos da coligação governamental já cuidaram da tarefa de convencer o eleitorado a votar PS e, por conseguinte, quanto mais Sócrates falar mais compromissos tem de assumir e mais asneiras poderá dizer. Em Portugal, desde os saudosos tempos do Conselheiro Gama Torres, o silêncio é muito apreciado e tido como inequívoca demonstração de sapiência. Aliás, por não ter cumprido este inestimável preceito, o Dr. Durão Barroso arriscou-se a perder as eleições para o Dr.Fero Rodrigues, tendo-nos deixado a todos a convicção que com mais uma ou duas semanas de campanha conseguiria alcançar esse notável feito.
Mas, por outro lada, o Engº Sócrates não tem nada para dizer. Ou, vá lá, nada de verdadeiramente novo e que entusiasme, como já deixaram perceber as suas declarações sobre os benefícios fiscais, a estabilidade do orçamento, os limiares da pobreza e o seu estremoso amor pelos velhinhos. Por aqui, de facto, nada de novo nem de diferente daquilo a que estamos habituados a ouvir e a ver. Quem tiver a ilusão de que o programa do seu governo, em preparação, poderá surpreender, está redondamente enganado: o governo que aí vem não tem outra disposição senão a de continuar a gerir o dia-a-dia, sem quaisquer pretensões reformistas profundas, para as quais é, aliás, necessária coragem, determinação, sentido estratégico nacional e, sobretudo, pouco amor à carreira política.
Verdadeiramente, o Engº Sócrates continuará o trabalho dos seus antecessores. Desde o 25 de Abril até hoje, só em três momentos se foi mais além, provocando verdadeiras rupturas reformadoras: com Mário Soares e os dois primeiros governos constitucionais que afastaram o espectro de uma ditadura comunista e democratizaram o regime, com Sá Carneiro que levou a direita para o governo e tornou, assim, o regime pluralista, e com Cavaco Silva que «desnacionalizou» Portugal e o transformou num país da Europa Ocidental. É, no entanto, muito pouco para tanto tempo. Para além disto, temos tido gestores mais ou menos qualificados, que vão aplicando os nossos recursos no que se lhes afigura mais conveniente. Com o PEC e as exigências da Moeda Única têm-se visto obrigados a ter algum tino e acerto nas contas públicas sem, contudo, fazerem o que faz falta ao país: reformar o Estado e a administração pública, de modo a diminuirem a despesa pública para níveis comportáveis pela nossa economia.
Não acreditando que o Engº Sócrates o faça, resta-lhe o ingrato papel de continuar a gerir a crise. Para isso, na verdade, vale mais estar calado e não dizer nada.
Os motivos de tão estranho comportamento são, apesar de tudo, compreensíveis.
Por um lado, os «gurus» da campanha socialista hão-de ter explicado ao candidato que ele só tem vantagens em estar calado ou em falar o menos possível. Os partidos da coligação governamental já cuidaram da tarefa de convencer o eleitorado a votar PS e, por conseguinte, quanto mais Sócrates falar mais compromissos tem de assumir e mais asneiras poderá dizer. Em Portugal, desde os saudosos tempos do Conselheiro Gama Torres, o silêncio é muito apreciado e tido como inequívoca demonstração de sapiência. Aliás, por não ter cumprido este inestimável preceito, o Dr. Durão Barroso arriscou-se a perder as eleições para o Dr.Fero Rodrigues, tendo-nos deixado a todos a convicção que com mais uma ou duas semanas de campanha conseguiria alcançar esse notável feito.
Mas, por outro lada, o Engº Sócrates não tem nada para dizer. Ou, vá lá, nada de verdadeiramente novo e que entusiasme, como já deixaram perceber as suas declarações sobre os benefícios fiscais, a estabilidade do orçamento, os limiares da pobreza e o seu estremoso amor pelos velhinhos. Por aqui, de facto, nada de novo nem de diferente daquilo a que estamos habituados a ouvir e a ver. Quem tiver a ilusão de que o programa do seu governo, em preparação, poderá surpreender, está redondamente enganado: o governo que aí vem não tem outra disposição senão a de continuar a gerir o dia-a-dia, sem quaisquer pretensões reformistas profundas, para as quais é, aliás, necessária coragem, determinação, sentido estratégico nacional e, sobretudo, pouco amor à carreira política.
Verdadeiramente, o Engº Sócrates continuará o trabalho dos seus antecessores. Desde o 25 de Abril até hoje, só em três momentos se foi mais além, provocando verdadeiras rupturas reformadoras: com Mário Soares e os dois primeiros governos constitucionais que afastaram o espectro de uma ditadura comunista e democratizaram o regime, com Sá Carneiro que levou a direita para o governo e tornou, assim, o regime pluralista, e com Cavaco Silva que «desnacionalizou» Portugal e o transformou num país da Europa Ocidental. É, no entanto, muito pouco para tanto tempo. Para além disto, temos tido gestores mais ou menos qualificados, que vão aplicando os nossos recursos no que se lhes afigura mais conveniente. Com o PEC e as exigências da Moeda Única têm-se visto obrigados a ter algum tino e acerto nas contas públicas sem, contudo, fazerem o que faz falta ao país: reformar o Estado e a administração pública, de modo a diminuirem a despesa pública para níveis comportáveis pela nossa economia.
Não acreditando que o Engº Sócrates o faça, resta-lhe o ingrato papel de continuar a gerir a crise. Para isso, na verdade, vale mais estar calado e não dizer nada.