19.1.05

Teologia de alcova

aqui defendi que a posição da Igreja Católica sobre o preservativo pouco peso terá, pelo menos em Portugal, no seu (não) uso efectivo, mesmo entre os crentes.
O tema, porém, continua a inflamar as estruturas católicas.
Ontem mesmo, o porta-voz da conferência episcopal da cristianíssima Espanha afirmou que os ditos "tienen su contexto en una prevención integral y global del sida", posição que teve largo eco, mesmo em Portugal, na medida em que parecia demonstrar que os Bispos de um país considerado conservador nesta matéria se afastavam da ortodoxia do Vaticano.
Mas hoje, o mesmo porta-voz veio "rectificar" a sua declaração, afirmando que a mesma "ha de ser entendida en el sentido de la doctrina católica que sostiene que el uso del preservativo implica una conducta sexual inmoral" e que "no es cierto que haya cambiado la doctrina de la Iglesia sobre el preservativo".
A posição rectificada é mais ambígua do que a original. Nesta, o uso do preservativo parecia ser tolerado como forma de evitar o contágio. Naquela, não se percebe se é o uso do profilático em si que constitui uma conducta sexual inmoral ou se tal uso só se justifica numa conduta daquele tipo (dito por outras palavras, «usar o preservativo é pecado» ou «só para os pecadores se justifica ter um preservativo à mão»).