O CDS-PP definiu como objectivo atingir os 10%. Paradoxalmente, é pouco. Quase três anos depois de ter chegado ao poder, perante uma espantosa sucessão de disparates do seu colega de coligação (erros de que soube, quase sempre, manter-se apartado) seria de esperar um crescimento substancial do partido de Paulo Portas. O CDS só pode crescer à custa do PSD ou da abstenção. Neste momento estão criados todos requisitos objectivos para que esse agigantamento se produza repetindo-se, entre nós, o fenómeno do colapso da UCD espanhola. Contrastando com a turbulência do seu colega de coligação, o CDS está tranquilo (talvez demais), tem dinheiro, clientela que tomou o gosto pelo poder e parece estar seguro do que é e do que quer.
Mas falham as condições subjectivas - a liderança do CDS não consegue superar as limitações da sua história pessoal e as cedências recentes à lógica caduca deste sistema. As primeiras impedem que o eleitorado do PSD flutue para o CDS; as segundas afastam os possíveis votos da abstenção convicta.
Paulo Portas conseguiu criar as circunstâncias perfeitas para transformar o equilíbrio eleitoral alternativo entre o PS e o PSD que se manteve nas últimas décadas: Mas, ironicamente, preso nas amarras de si mesmo, é ele o principal entrave a que essa estratégia se realize. E, obviamente, nenhum dos seus acólitos fará melhor.