19.7.05

Aliados (corrigido)



No domingo, ao passear pelos «aliados» com a família, lembrei-me que, não há muito tempo, a Manuela D.L. Ramos perguntava que posição tínhamos sobre o «atentado» dos aliados. Falo, como sempre, por mim.

Eu tenho acompanhado tais questões por intermédio do melhor forum de debate sobre a nossa cidade (não há jornal local que lhe chegue aos calcanhares), que é a A baixa do Porto, e também pelo Aliados.

Antes de mais, para situar a questão, sobretudo para quem seja forasteiro: no espaço que vai da Câmara do Porto até ao seu fundo, cerca de 800 metros, e embora nas fotografias pareça uma só avenida, co-existem os seguintes nomes/espaços: Praça General Humberto Delgado, Avenida dos Aliados e Praça da Liberdade.

Mesmo nas traseiras da Câmara, existe um estação de Metro, a Estação da Trindade, a qual vai ter um linha que irá descer, subterraneamente, até á Estação de São Bento (distante 20 metros do fundo da imagem acima). Ora aqui dá-se a meu ver o primeiro grande erro e mistério: se há zona da cidade com largueza para ter linhas de metro á superficie a coabitar com veículos automóveis é naquele espaço. As viaturas no centro da cidade desaguam vindas de ruas e ruelas estreitas naquele espaço largo que deveria ser para fruição dos cidadãos e não para se lá colocarem 3 faixas de cada lado e os carros poderem pensar que estão na mais pequena auto-estrada do mundo, com os seus 800 metros....e no final desenbocarem novamente em ruas e ruelas estreitas. Na minha visão, a decisão de enterrar a linha do Metro, apenas poderá ser justificada pelo desejo de gastar umas dezenas de milhões de euros aos contribuintes. Para dinamizar a economia, certamente.....

Em segundo lugar, e para piorar tudo isto, entenderam (quem e porquê nunca percebi), que se criasse uma estação de metro nos Aliados. Para quem não saiba, tal estação, subterrânea, ficará situada mais ou menos a 300 metros da Estação da Trindade e a uns 400 da de S. Bento (coisa para ficar a 2 quarteirões para cada lado). Estão portanto a ver a utilidade da coisa..... Mas se pensarmos nos custos que a construção de tal estação, perfeitamente inútil, possa ter, tendo sido escavada a dezenas de metros da superfície, então também já se compreende que se fez mais um «pequeno» esforço para dinamizar a economia......

Mas ainda não é tudo. Há um ano, parece que a CMP pretendia apresentar um projecto para renovar todo aquele espaço, aproveitando a realização das obras do Metro. Sem que eu tenha percebido muito bem porquê e como, tudo foi deitado ao lixo. A renovação do espaço foi entregue a dois arquitectos, sem qualquer concurso público. As obras iniciaram-se sem qualquer parecer do sempre «vigilante» IPPAR, apesar de se estar em zona protegida.

E as soluções são pefeitamente idiotas, não há outra expressão para classificar a intervenção desenhada pelos «geniais» criadores que habitualmente são chamados a intervir fora de qualquer concurso público....

Há ainda a questão dos arranjos, nomeadamente das calçadas. A estupidez (também não tenho melhor expressão), do que ali está a ser feito (seja tal responsabilidade dos arquitectos, CMP, Metro, ou todos juntos), é bem visível nestas fotografias.

Enfim, mais uma intervenção «estruturante», centralizada e fora do controle público, ao arrepio das leis vigentes, com evidente desperdício de dinheiros públicos e soluções técnicas perfeitamente anormais e deficientes.
Nota: fotos e links via Aliados, que recomendo a leitura atenta, bem como A baixa do Porto para maior detalhe e análises.