A direita portuguesa está muito, mas mesmo muito, mais próxima do socialismo do que do autoritarismo do antigo regime ou do que do conservadorismo anglo-saxónico. Por isso, a direita que quer ser liberal devia estar mais preocupada em demarcar-se da sua própria mentalidade socialista do que de uma alegada proximidade com ideias autoritárias.
Um dos equívocos da chamada direita liberal é que acredita que será mais liberal se for liberal nos costumes, sem perceber que os costumes, do ponto de vista liberal, nem sequer são um problema político, são um problema da vida privada. A direita liberal acredita que será mais liberal em relação aos costumes se em relação aos costumes tiver as mesmas posições que a esquerda. Isto é, se for pelo aborto, se for homofila, se for pela estatização e descaracterização do casamento, se for cosmopolita e se for contra a igreja e as tradições. Com a excepção da questão do aborto, que é discutível, tudo o resto são questões privadas, ou que deviam ser privadas, e ninguém é mais liberal por ter esta ou aquela posição.