Direitos adquiridos

Hoje todos percebem que os chamados direitos adquiridos, para além de terem sido adquiridos injustamente, colocaram o país num beco sem saída. Os direitos adquiridos são por isso impopulares. Mas o mais curioso é que ninguém se opõe com a mesma energia à criação de novos direitos adquiridos. Sócrates prometeu e está ou vai conceder uma data deles. Aos doentes com baixa (o ministro do trabalho acaba de aumentar o subsídio de doença), aos reformados com mais de 80 anos (que vão receber um complemento de reforma), às clientelas culturais (os gastos do Ministério da Cultura vão chegar ao 1% do PIB), ao lóbi do betão (vão-se gastar milhões em obras públicas), aos alunos do ensino básico (aulas de inglês, refeições na escola, horário prolongado) e aos recém licenciados (estágios remunerados). Atacar os direitos adquiridos é uma perda de tempo e de energia quando o que se pretende é conceder novos.