22.7.05

Leitura recomendada II

Entrevista de Rui Vilar, presidente da Fundação Gulbenkian.

Alguns destaques:

Rui Vilar: A Fundação é, pelos seus estatutos e pela vontade do fundador [Calouste Gulbenkian], uma instituição perpétua. Essa é a primeira e permanente preocupação de quem tem a responsabilidade da Fundação. E, por isso, temos que ter um processo permanente de avaliação daquilo que fazemos e da maneira como utilizamos os recursos.

[...]

Rui Vilar:
A Fundação, em 1987, chegou a ter mais de 1250 pessoas. Quando cheguei à Fundação, em 1996, tinha 924. Neste momento, somos 570.


[...]


Pergunta: Essa adaptação à mudança, neste caso, tende a ir para o apoio directo?

Rui Vilar:
O fundador - e quem redigiu os estatutos da Fundação -, ao assinalar-lhe o carácter perpétuo, teve uma enorme sabedoria porque disse apenas que tinha quatro fins caritativos, educativos, artísticos e científicos. Não disse mais nada. Penso que, se tivessem incluído aspectos valorativos ou finalísticos, certamente teriam corrido o risco de os estatutos se desadaptarem perante um horizonte com essa vastidão ontológica, o ser perpétua. Isso significa, para quem administra a FCG, uma enorme liberdade mas também uma enorme responsabilidade. E por isso prefiro dizer que temos a obrigação de, em permanência, avaliar o modo como usamos os recursos da FCG - essa é a grande responsabilidade - e qual a melhor maneira de respondermos a novos desafios. Nestas quatro grandes áreas há umas que têm certamente mais visibilidade, aquelas que por exemplo têm públicos...


Pergunta: ...a área cultural é a mais mediática.

Rui Vilar: Porque originalmente foi. Mas admito que seja legítimo perguntar se, nas concretas condições do nosso país, aspectos da intervenção social ou o contributo para a inovação que advém da investigação científica não são igualmente - ou mais - importantes. É esse juízo, essa escolha, que nos cabe a cada momento fazer e pela qual nós somos responsáveis.

[...]

Rui Vilar: Aquilo que a Fundação disse é que continuaria a ter um papel activo e interventor na área da dança. Muito mais diversificado do que aquele que tinha com o BG, visto que vamos desencadear, no próximo ano, todo um conjunto de acções nessa matéria - que, penso, vão ser muito mais vivificadoras da dança do que a permanência de uma companhia residente.

Pergunta: Vão ter um papel mais interventivo...

Rui Vilar:
...do que tínhamos com uma companhia residente.