Frankfurt começa por referir que a sua análise tem, em alguma medida, um cariz exploratório, dada a relativa escassez de fontes bibliográficas sobre o tópico. Para o autor, bullshit é distinto de uma mentira, mas pode, sem qualquer dúvida, conter uma misrepresentation da verdade.
O fim em vista, para Frankfurt, não será sempre o de induzir alguém a formar uma opinião sobre o tópico em causa, podendo, em alguns casos, o fim em vista ser uma alteração da opinião sobre quem fala e não sobre o que diz. A publicidade, as relações públicas e a política estariam, segundo o autor, entre as actividades que poderiam fazer uso desta forma de comunicar (pág. 22).
Para o autor, a essência do bullshit consiste numa "lack of connection to a concern with true" (pág. 33), ou seja, não existe a preocupação com a verdade, tal como não existe necessariamente interesse em afirmar a falsidade.
Aspectos da vida dotados de forte carga emocional (e.g. religião, política, ou sexo) constituiriam temas adequados para uma bull session, ocasião com a virtualidade de dispensar a pessoa de revelar os seus verdadeiros pensamentos (pág. 36).
Como comentário, diríamos que a questão da veracidade da mensagem transmitida por uma pessoa é uma questão cada vez mais actual, dada a complexidade crescente da sociedade humana. Com excessiva frequência, é contrário ao interesse da pessoa tornar claro o seu verdadeiro pensamento, ou tornar público o conhecimento de determinados dados.
Embora algumas pessoas optem pela linguagem da mentira, ou seja, afirmem peremptoriamente inverdades, essa opção faz correr o risco de uma quebra definitiva da credibilidade de quem fala, junto de quem ouve. Terá sido nesse contexto que se generalizou o uso de bullshit, uma modalidade na qual, por não se assumir a veracidade do que se diz, não existe uma tão grande perda de credibilidade pela falta de conexão com a verdade.