21.7.05

Sobre a Nova Cidadania

O Pedro Picoito, da Mão Invisível, escreve um post - Do Douro a Chicago - onde afirma:

«Na sua cruzada pelo liberalismo quimicamente puro, o Blasfémias atira-se hoje à Nova Cidadania. Citando as críticas de Vital Moreira (diz-me com quem andas...), aproveita-lhe o balanço e acusa a revista de "beatismo", suponho que por causa dos artigos sobre "fé e razão" e "participação dos católicos na vida pública"».

Peço maior atenção ao Pedro Picoito na redacção dos seus posts: essa tentação colectivista de nos colocar, blasfemos, a todos no mesmo barco, não é nada liberal.

Eu tenho a maior amizade pelo CAA, partilho com gosto o mesmo espaço virtual, este Blasfémias; agora, nem sempre perfilho as suas ideias, nem sempre subscrevo os seus posts.

A Nova Cidadania é, para mim, de leitura obrigatória. Considero-a uma excelente revista, embora nem sempre subscreva os seus conteúdos. Existe uma corrente neo-conservadora na revista que não me agrada especialmente, é verdade, mas isso não exclui que se encontrem bons artigos, com boa notação no «liberalómetro».

Os comentários do CAA à Nova Cidadania parecem-me especialmente despropositados e pouco apropriados, tendo em conta até que no último número colabora o nosso Venerável Consultor AAA, com um excelente comentário literário.

Do mesmo modo, convém, meu caro Pedro Picoito, que percebas que no Blasfémias existem liberais ateus, como o CAA, mas também vários liberais católicos, como eu, e muitos outros.

Mais: considero que a Nova Cidadania, nem que seja por dar alguma voz a liberais católicos - como é o caso do AAA - merece o rótulo de «politicamente incorrecto». É que, nos dias que correm - e embora possa não gostar de ouvir - quem escreve banalidades nos cânones do politicamente correcto é precisamente Vital Moreira que, com Jorge Coelho, assumiram o papel de cronistas do regime, em vassalagem total à corte socialista: basta ler o comentário que faz hoje à demissão de Campos e Cunha.

Pena tenho que a miopia anti-religiosa do CAA, uma das muitas que o caracterizam, o leve a alinhar na opinião de tão iminentes colunistas, em ataque desproporcionado a quem, no fundo, tanto e tão bem escreve no campo liberal, embora dê voz a outras correntes à direita (como o neoconservadorismo norte-americano) com as quais eu também não concordo. Infelizmente, na era da TV Digital e dos ecrãs planos, o CAA ainda vê tudo a «preto e branco».

Não deixa, contudo, de ser uma boa alma por isso, e de ter certamente o seu lugar reservado no Céu.

Rodrigo Adão da Fonseca