Como responsável que foi por já se terem gasto umas dezenas de milhões de euros, sem serem conhecidos quaisquer resultados, Jorge Coelho (via insurgente), vem defender o megalómano TGV.
E que diz?
«(...) Portugal não pode correr o risco de se transformar num país periférico. As acessibilidades são fundamentais. Para a circulação de pessoas e mercadorias. A opção do TGV é fundamental para se conseguir este objectivo. »
Não é verdade. O TGV não faz parte dos elementos essenciais das acessibilidades. Portos, aeroportos, redes viárias e caminho-de-ferro tradicional são os elementos estruturantes. O TGV não é estruturante na áea das mercadorias, nem na de passageiros, pois é apenas parcialmente concorrente com o avião e as redes viárias, nomeadamente para distâncias superiores a 500 km.
«Num momento em que todos os países mais desenvolvidos da Europa têm uma rede de alta velocidade e com interligações mútuas, Portugal não pode ficar afastado desta rede. »
Também não é verdade. O Reino Unido, a Finlândia, a Suécia, a Dinamarca, a Irlanda, a Holanda, só para dar alguns exemplos não tem TGV e nem por isso são países com fracas acessibilidades ou estão isolados.
«Precisamos, para o nosso desenvolvimento, de atrair as dezenas de milhões de cidadãos que a alta velocidade vai trazer até nós.»
Não é verdade, e Jorge Coelho sabe bem que os turistas nunca virão massivamente de comboio mas sim de avião.
«Aliás, considero que já se perdeu tempo em excesso com querelas sobre esta matéria, de tal forma que, hoje, estamos mais dependentes da vontade de Espanha. »
Decidir torrar 20 mil milhões de euros não é uma questão de querelas, diz respeito á saúde financeira dos cidadãos, actuais e futuros. Foi por decisões similares, cujos responsáveis são continua e ciclicamente condecorados com umas caricas, que se chegou ao Estado que temos. É perfeitamente legítimo que não se tendo demonstrado, não se conhecendo nem se divulgando estudos, se os há, sobre a razoabilidade económica, plano de investimentos, fluxo de passageiros, comparações e previsões de evolução com formas de transporte concorrentes, sistema tarifário, custos de manuenção, os cidadãos se oponham a uma decisão leviana de tal envergadura. A qual nada tem de económico, mas sim apenas dependente de decisão política e como tal a todo o tempo perfeitamente reversível.