Extractos da primeira (e também, provavelmente, da última!) epístola de Vicente a Augusto:
"Começo por lembrar o apreço intelectual que tenho por ti e a cumplicidade e amizade que criámos durante o breve tempo em que partilhei contigo o estatuto de deputado".
"É certo que nunca conseguiste esconder a atracção que o exercício do poder exercia sobre ti, a ponto de levar-te a adoptar atitudes de conveniência e manobrismo político que não traduzem o fundo daquilo em que acreditas".
Por fim, desabafa e pergunta o amigo entristecido: "A incompreensão e o cinismo acabaram por prevalecer, confortando as velhas convicções de que os «bons jornalistas» são aqueles que são politicamente dóceis para nós e agressivos para os demais. Será que tu, caro Augusto, também te rendeste definitivamente a estas socráticas evidências"?
Notas: 1 - A amizade é sempre comovente!
2 - A amizade é sempre cega...convenientemente cega, pelo menos, durante algum tempo e, principalmente, quando é política!
3 - Na política, infelizmente, a amizade não dura sempre...muitas vezes, até dura muito pouco!
4 - Desde a Antiguidade que é conhecida a especial relação de amizade entre a cicuta e o "método socrático" (em termos políticos, bem entendido!). Resta saber, em cada caso, quem é que prova aquela....
Agora (mais) a sério: o que me chamou a atenção, nesta epístola de Vicente Jorge Silva, foi mesmo o estilo ("assassino") informal e intimista! - e isto, independentemente de concordar ou não com o respectivo conteúdo da sua "carta aberta" (até concordo, basicamente...mas com a ressalva de que estou em total desacordo com as considerações feitas por VJS relativamente à pessoa do Presidente da ERC, Azeredo Lopes - que está acima de qualquer suspeita e cujas qualidades pessoais e percurso como jurista deveriam deixá-lo intocável, em todo este processo....)
De todo o modo, châpeau para VJS!