13.3.06

A forma socialista de pensar no mercado

O socialismo está tão entranhado em Portugal que até quando se fala do mercado predominam ideias socialistas. De acordo com o pensamento estabelecido, o mercado em Portugal não funciona e todos têm ideia sobre como devia funcionar. Em geral, pensa-se que a culpa é da falta de planeamento, de organização, de formação dos trabalhadores, de formação dos empresários, de sentido de risco, falta de design, falta de aposta na inovação ou nas exportações. Em suma, o que falta ao mercado em Portugal é um plano quinquenal.

Quem assim pensa não percebe que o que faz funcinar o mercado não é nem o planeamento, nem a organização, nem a qualidade e voluntarismo dos empresários. O que faz funcionar o mercado é a possibilidade de lucro e o risco de falência. São estes dois factores que forçam os empresários a tomar as decisões mais adequadas aos seus projectos. Tais decisões poderão envolver, ou não, dependendo do problema específico que cada empresário procura resolver, diferentes doses de organização, planeamento, design, invovação, risco e educação.

Ora, num país em que o lucro é punido, quer fiscal quer socialmente, e em que o estado procura evitar as falências das empresas a todo o custo, estes factores são substituidos pela forma socialista de pensar no mercado, que mais não é que uma forma de planeamento central totalmente ineficiente. A forma socialista de pensar no mercado confunde os sintomas (organização, design, inovação) com as causas (lucro e falências). Os socialistas procuram copiar e implementar de forma artificial os sintomas que são habitualmente gerados por um ambiente em que as principais forças são a possibilidade de lucro e o risco de falência.