Nesta autêntica embrulhada em que está transformada a decisão política (os estudos vieram depois et pour cause...) de construir o aeroporto da Ota e o TGV, há um silêncio que atordoa de tanto ensurdecedor: o dos ambientalistas.
Habitualmente protestam por tudo e por nada.
Em regra estão contra todos os empreendimentos.
Por norma recusam qualquer tipo de alteração aos eco-sistemas.
Sob o mais leve pretexto enchem a boca e os media com a biodiversidade, com a protecção da fauna e da flora, de todas as espécies e mais algumas.
Constantemente denunciam que por onde uma estrada nacional ou uma rua municipal se propõe passar há um charco com 3 ou 4 gansos patolas que não pode, em caso algum, ser ameaçado...
Todos os dias vaticinam os piores desfechos para qualquer coisa que se queira fazer, prognosticam o fim do mundo por dá cá aquela palha sempre que são contrariados.
E agora? Perante a materialização dos dois maiores projectos de construção e alteração ambiental de que há memória neste país, diante da possibilidade peregrina de se ter de remover uma montanha (o Monte Redondo) para realizar a fé das construtoras e de algumas entidades financeiras de conseguir um novo aeroporto, de estarem previstas terraplanagens de milhões e milhões de metros cúbicos que irão destruir tudo à sua passagem para qualquer um dos projectos, onde estão os ambientalistas?
Que é feito dos militantes ecologistas? Onde param as organizações, os bucólicos protagonistas das causas do Ambiente? Que estranhas razões farão com que esta gente tanto proteste por tão pouco e, suspeitamente, se cale quando tanto está em jogo? O que está por detrás deste aparente conluio com o poder político e financeiro?
O ruído desagradável desta misteriosa omissão é tonitruante. Enquanto as coisas estiverem imersas nesta cumplicidade silenciosa, a credibilidade dos ambientalistas portugueses está à vista de todos. E está demasiado mal.