20.9.06

Evolucionismo vs. Criacionismo: o estado do debate I

O meu primeiro post sobre este tema chamava a atenção para três erros que os evolucionistas não devem cometer neste debate. Eram eles o insulto fácil, o desprezo pelas ideias dos criacionistas e o desprezo pela filosofia. A estes erros foram-se juntando outros, sendo neste momento o principal o espírito de barricada. Espírito esse que está mais que demonstradado pelas reacções totalmente irracionais aos meus posts. Desde reacções do tipo "deves ser um criacionistas", passando pelo "devias ter tido ciências no 12º" até umas misteriosas referências à economia. Discutir as questões levantadas nos posts de boa fé é que parece que dá muito trabalho a um número significativo de leitores. Como sempre há excepções ...

O espírito de barricada caracteriza-se por:
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1. construir um homem de palha, o criacionista do Bible Belt serve perfeitamente, e ignorar todos os criaionismos mais sérios que esse;

2. negar qualquer papel à metafísica em ciência;

3. dizer que o que se quer discutir é ciência e que o resto não interessa;

4. não fazer o mínimo esforço para perceber os argumentos contrários, o que será difícil por quem defende explicitamente que a discussão não deve sair do terreno científico;

5. defender uma determinada epistemologia como se essa fosse a única, a evidente ou mesmo a que predominantemente se pratica em ciência ao mesmo tempo que se defende que a filosofia não é relevante para o ensino da ciência.

6. Não reconhecer que determinadas críticas dos criacionistas são no mínimo pertinentes (os criacionistas alegam que a ciência tem pressupostos metafísicos, o que é verdade, e alegam que a teoria evolucionistas tem componentes não falsificáveis, o que também é verdade).

7. Não reconhecer que determinados adeptos da teoria da evolução só o são porque aderiram ao dualismo científico: reconhecem que o mundo biológico é uma ordem espontânea, mas não reconhecem outras ordens espontâneas como a mente humana, as línguas naturais ou determinadas instituições sociais (dinheiro, mercados, sistemas legais). Um dos leitores chega mesmo a defender que os seres humanos não estão sujeitos a leis que não as que eles próprios inventam.