Os erros dos americanos X

O meu ponto nos 9 posts anteriores foi mostrar que, não existindo, nem formal nem informalmente, uma comunidade a que possamos chamar ocidente, faz pouco sentido que um europeu passe o seu tempo a discutir os supostos erros dos líderes de uma comunidade política que lhe é estranha, ignorando ainda por cima os erros cometidos pela sua própria comunidade política. A prova que não existe uma comunidade a que possamos chamar ocidente está no facto de a aliança inicial que se formou após o 11 de Setembro se ter desmoronado logo que surgiram as primeiras dificuldades. Se é certo que a esquerda tem uma obsessão anti-americana, também não é menos certo que a direita tem uma obsessão americana que contribui para a desresponsabilização dos europeus em relação à sua própria segurança e em relação à sua própria política externa. Graças a essas duas obsessões de sinal contrário os europeus são espectadores irresponsáveis das suas próprias vidas podendo dizer não importa o quê. Os europeus, e os portugueses em particular, não deveriam estar neste momento a discutir os supostos erros dos americanos, até porque tais erros estão fora do nosso controlo, mas sim as responsabilidades que cada país europeu tem pela sua própria segurança. Em particular, os portugueses deviam estar a discutir o que querem da vida, da sua própria, e não da vida colectiva de uma comunidade política que não existe.