"... Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!"
(Fernando Pessoa)
A Justiça, também, nunca parece ter funcionado razoavelmente. Desde as memórias da proverbial venalidade dos "juízes de fora", passando pelos "juízes das Índias" até à presente letargia dos processos imutavelmente pendentes, nunca a Justiça portuguesa deu boa conta daquilo que estava a seu cargo. O mesmo se pode dizer quanto "à questão da Fazenda". E por aí diante, já que em tudo em que o Estado se envolveu os resultados foram medonhos. Foi e é uma constante portuguesa.
Mas há outras - no meio dessa perene incompetência pública, sempre existiu imensa fé. Perante os desmandos da Administração os portugueses sempre rezaram. Incessantemente invocaram o divino. E permanentemente acreditaram que, um dia, as coisas correriam acabariam por correr melhor se continuassem a rezar e a crer no sobrenatural.
Mas nunca se preocuparam em solucionar a essência dos seus problemas reais - de reza em reza, imersos em lamúrias inconsequentes e muito fado choradinho, antes os aumentaram e os intrincaram. Esta sua resposta de sempre nunca foi solução -antes parte prioritária do problema.