Ressalvando algum efeito distorsor das abstenções, Negrão dificilmente atingirá os 20%, com Carmona muito perto ou eventualmente a ultrapassá-lo. A derrota será sobretudo de Marques Mendes, que hoje terá o retorno da postura partidocrática e do moralismo fátuo que adoptou nas últimas autárquicas. Postura essa muito aplaudida na altura pelo mainstream, quando interveio directamente na selecção de candidatos (Carmona foi uma escolha pessoal sua) ou na recusa de outros (Isaltino e Valentim), aqui à revelia das estruturas locais do seu partido. O centralismo serôdio e a presunção arrogante de definir o que é melhor para os outros iriam, tarde ou cedo, atingi-lo.
Tivesse ele a noção da separação de poderes, abdicasse de antecipar juízos que competem ao foro judicial e tivesse dado completa liberdade de escolha às estruturas locais - com a inerente responsabilização - e não teria hoje meio PSD a afiar as espadas para a sua degola.
Adenda: sobre a divisão de poderes entre escalões central e local, leia-se esta posta do Rui.