Um amigo, fundador do PSD, contou-me o que se passava: “o que está em causa não é quem vai mandar no partido, apenas se trata de escolher o feitor, ou seja aquele que vai cuidar da propriedade de outros e por conta destes – até que, daqui a uns anitos, quando Sócrates se esgotar, os donos da ‘herdade’ surgirão para tomar posse efectiva daquilo que sempre foi deles”.
Esta tese é difícil. Em política, os planos feitos para vários anos quase nunca dão certo. Depois, acreditar na ideia que no PSD é possível colocar alguém numa liderança mais ou menos fictícia, oferecendo de bandeja uma legislatura aos adversários, seria apoucar a lucidez dos militantes laranjas – os que se crêem senhores do PSD arriscam-se a ter pouco partido no fim da história.
Mas o principal problema é que o tal ‘feitor’ pode convencer-se que é mesmo o dono da coisa – e a crise nunca mais terminará.
* Publicado no Correio da Manhã