Mas o barco do aborto foi mais do que uma "serieta" televisiva. Foi a cena de uma provocação, na palavra do cardeal patriarca, mais exacta do que a do bem-pensantismo do bispo castrense. Pois que outra coisa pode ter sido senão humilhante esse episódio, para um país que é livre e democrático, e permite todas as posições e toda a discussão acerca do aborto entre cidadãos portugueses? País que já fez democraticamente uma lei legalizando o aborto em certas condições? E, depois disso, perante o projecto de alargar essa lei, fez um democrático referendo? Os partidos políticos tomaram posições públicas. O Presidente da República assumiu toda a sua responsabilidade institucional na preparação do referendo. O país discutiu. E os portugueses votaram livremente em sufrágio directo e universal. Tratar esta questão, assim referendada, nos termos em que o foi pela encenação do barco do aborto, é uma "macacada" (perdoe-se-me o plebeísmo).
13.9.04
A "macacada" do barco do aborto
Uma boa análise de Mário Pinto sobre o episódio do barco do aborto: