8.12.04

Ainda D. João VI

Vem isto ainda a propósito da fixação do CAA e da defesa do personagem expressa por JAM e pelo LAS.
Eu sabia que tinha lido qualquer coisa recentemente a propósito do «Jorge Sampaio do príncípio do século XIX» como lhe chama CAA. Demorei um pouco, mas encontrei. Está lá tudo.

«Tendo procurado por todos os meios possíveis conservar a Neutralidade, de que até agora tem gozado os Meus Fiéis e Amados Vassalos, e apezar de ter exhaurido o Meu Real Erário, e de todos os Sacrifícios, a que Me tenho sujeito, chegando ao ponto de fechar os Portos dos Meus Reinos aos Vassalos do Meu antigo e Leal Aliado e Rei da Grã-Bretanha, expondo o comércio dos Meus Vassalos à total ruina, e a sofrer por este motivo grave prejuízo nos rendimentos da Minha Corôa: Vejo pelo interior do Meu Reino marchão Tropas do imperador dos Franceses e Rei da Itália, a quem Eu Me havia unido no Continente, na persuasão de não ser mais inquietado; e que as mesmas se dirigem a esta Capital: E Querendo Eu evitar as funestas consequências, que se podem seguir de huma defesa, que seria mais nociva, que proveitosa, servindo só de derramar sangue em prejuízo da humanidade, e capaz de acender mais dissenção de humas Tropas, que tem tranzitado por este Reino, com o annuncio, e promessa de não cometerem a menor hostilidade; conhecendo igualmente que ellas se dirigem muito particularmente contra a Minha Real Pessoa, e que os Meus Leaes Vassalos serão menos inquietados, ausentando-me Eu d'este Reino: Tenho resolvido, em benefício dos Meus Vassalos, passar com a Rainha Minha Senhora e Mãe, e com toda a Real Família para os Estados da América, e estabelecer-me na Cidade do Rio de Janeiro até à Paz Geral....»
Proclamação do príncipe Regente, D. João, em 26 de Novembro de 1807, citada no romance de Álvaro Guerra «Razões de Coração».