Diz-se que Portugal tem que abandonar o modelo de desenvolvimento baseado em salários baixos e que para isso tem que apostar na educação.
Ora, uma aposta feita neste momento na educação só terá efeitos na produtividade e nos salários daqui a muitos anos. Mas mesmo que o número de licenciados duplicasse de repente, Portugal não deixaria de ter um «modelo de desenvolvimento baseado em salários baixos». Os salários dependem da oferta e da procura. Se o número de licenciados duplicasse, os licenciados teriam que passar a ganhar menos porque o aumento da oferta de licenciados não implica um aumento imediato da procura.
É preciso perceber porque é que Portugal tem um «modelo de desenvolvimento baseado em salários baixos». Porque o capital disponível é escasso. É do capital disponível que depende a procura de trabalhadores qualificados. Quanto maior o capital disponível, maior a concorrência entre empresas, mais sofisticados são os projectos, mais qualificados têm que ser os trabalhadores e mais elevados os salários.
Portugal só poderá abandonar um «modelo de desenvolvimento baseado em salários baixos» se poupar mais, se conseguir atrair capital estrangeiro, se o estado deixar de desperdiçar capital em projectos inúteis e se o capital humano e material do estado não for desperdiçado na formação de recursos humanos denecessários.