A sondagem eleitoral publicada hoje no Expresso atribui ao PS 45% das intenções de voto e 36% ao PSD. Neste cenário, o Partido Socialista ficaria no limiar da maioria absoluta, embora não fosse seguro que a alcançasse, como dele ressalta também que a diferença entre os dois partidos não é tão grande como seria de esperar, sobretudo se atendermos aos recentes acontecimentos que a antecederam, com a desautorização, digamos, humilhação pública do seu líder, e os previsíveis três meses de campanha eleitoral em curso, até ao dia das eleições.
É neste último aspecto que convém meditar.
Ainda ontem à noite, perante uma audiência de dois mil apoiantes na Póvoa, Santana Lopes começou a campanha ao seu estilo: contundente, agressivo, vitimizando-se e responsabilizando o Presidente da República pela queda do Governo, Santana manifestou-se pronto para o combate e desafiou os seus críticos a assumirem no Conselho Nacional de hoje alternativas à sua liderança, sabendo que ninguém o fará até à noite das eleições. Libertado do espartilho das funções governativas, que o transformaram num sorumbático primeiro-ministro, Santana volta ao registo que agrada ao povo laranja, ainda que provoque arrepios nalguns dos mais proeminentes barões. O que, porém, não foi suficiente para impedir um reconciliatório e premonitório abraço laranja entre Rio e Meseses, e o anúncio da recandidatura deste último à Câmara de Gaia.
Estes e outros indícios, levam a presumir que, em Belém, as contas podem ter sido mal feitas, e que os meses que por aí vêm podem ainda reservar surpresas.
A verificar-se que, afinal, o PSD não sairá tão prostrado, como seria de prever, da queda do Governo, bem podemos contar com um resultado eleitoral sem maioria absoluta de nenhum dos dois partidos.
Nesse caso, teremos a consagração máxima do «pântano» guterrista, em nova versão de «charco», dada a miséria que será inaugurar nestas condições uma legislatura.