António Borges defende duas ideias chave na entrevista ao Diário Económico:
1. A forma de fazer política em Portugal tem que mudar.
2. A economia portuguesa tem que se abrir à concorrência externa.
Toda a gente concorda que a forma de fazer política em Portugal tem que mudar. Falta saber como é que isso se consegue. Borges não explica como é que uma pessoa como António Borges contorna os aparelhos partidários para chegar ao poder para depois mudar a lei eleitoral e a organização dos partidos contra o interesse dos aparelhos.
Já nem todos concordam com essa coisa de abrir a economia portuguesa à concorrência externa. As tais elites a quem Cavaco Silva se dirigia quando falava na boa e na má moeda gostam muito do braço protector do estado, prezam muito os tais centros de decisão nacioanais, as negociatas da Galp, as participações cruzadas entre empresas públicas e privadas e o apoio constante da Caixa Geral de Depósitos aos seus negócios.
Este país não será reformado por António Borges porque ele não está em posição de controlar o aparelho de um grande partido nem tem o apoio da aristocracia económica. Ninguém conseguirá fazer reformas se não tiver o apoio de pelo menos um destes grupos. Para além do mais, e como explica o CAA aqui, Borges não dá garantias de que tem a capacidade política para resistir ao assalto ao poder dos boys do aparelho que seria inevitável a seguir a uma vitória eleitoral. Os boys do aparelho, se não forem controlados, podem minar totalmente um governo e paralizar totalmente as reformas.