28.6.05

A estratégia táctica do governo

Se o rectificativo não contivesse erros, o Governo teria sido criticado por apresentar um OE em que o Estado se propõe gastar valores perigosamente próximos de metade da riqueza produzida anualmente no país.
Com a duplicação de "algumas rubricas", que provocou a inflacção da despesa em mais de 1200 milhões de Euros, a despesa pública ultrapassou mesmo a barreira psicológica dos 50% do PIB. As críticas não se fizeram naturalmente esperar. 50,2% do PIB? Nunca tal se vira.
O erro permitiu a Campos e Cunha, ao mesmo tempo que confirmava a tese de Maria de Lurdes Rodrigues («os ministros são pessoas normais»), operar o milagre de, em dois dias, reduzir a despesa pública em quase 1,8% sem ter de enfrentar a oposição de quem quer que fosse. E fazer baixar o rácio despesa pública/PIB para o muito mais aceitável valor de "apenas" 49,3%, demonstrando assim a todos os críticos o empenho do governo PS no emagrecimento do Estado, reduzindo, ao mesmo tempo, a pó as criticas feitas aos números originais.
Depois do défice virtual de Constâncio, do OERectificativo virtual de Campos e Cunha, só nos resta esperar que o crescimento virtual do PIB de ambos permita fechar o ano com superavit.