As contas erradas são mais informativas que as contas certas.
Os jornais publicaram as contas do Orçamento de Estado erradas em que todas as despesas e todas as receitas são superiores às do PEC. A única coisa que se manteve igual foi o valor do défice (6.2%). O Ministro das Finanças veio dizer que o erro se devia a duplicações que se traduziram no empolamento de algumas rubricas. Ou seja, o que o Ministro diz é que as mesmas receitas foram contadas 2 vezes e que as mesmas despesas foram contadas 2 vezes.
O problema desta explicação é que o erro afectou da mesma maneira a despesa e a receita (o défice não variou) como se existissem rubricas simétricas para a receita e para a despesa. O que é estranho porque, enquanto as receitas se estimam tendo em conta os vários tipos de impostos, as despesas estimam-se tendo em conta os vários tipos de encargos, e uma coisa não tem nada a ver com a outra. Receitas e despesas são rubricas independentes e só por acaso é que um erro de duplicação pode afectar da mesma forma receitas e despesas.
O que este erro combinado com esta explicação sugerem é que o governo primeiro definiu qual seria o défice e só depois fez as contas para que o défice batesse certo com as despesas e as receitas.