O fundo de hidraulicidade não é um jogo de soma nula. Considere-se 2 empresas A e B. Considere-se que num periodo de anos húmidos, ambas as empresas têm a mesma dimensão e os mesmos custos energéticos. Isto significa que durante os anos húmidos as empresas contribuem com verbas iguais para o fundo. Considere-se ainda que a empresa A decide apostar em sistemas energeticamente eficientes enquanto a empresa B decide não o fazer. Quando chegam os anos secos, a empresa A, sendo mais eficiente que a empresa B, gasta menos em energia e consequentemente recebe menos que a empresa B do fundo de hidraulicidade. Daqui se conclui que o fundo favorece as empresas que não melhoram a sua eficiência energética e prejudica aquelas que a melhoram.
A questão da obrigatoriedade não é uma picuinhice. É a questão essencial. Sendo o fundo obrigatório, as empresas são forçadas a alocar determinados recursos financeiros a um determinado sistema de protecção de risco. A obrigatoriedade impede os gestores de alocarem esses fundos a estratégias alternativas de protecção contra o risco. Isto é particularmente grave porque todas as empresas são forçadas a seguir a mesma estratégia. Ora, se as empresas não são todas iguais, se não correm todas os mesmos riscos então a solução óptima para o risco não é igual para todas. O fundo de hidraulicidade é socialismo económico e é incompatível com uma economia de mercado.