O poder mudou na Galiza. Apesar de ser o partido mais votado, elegendo 37 deputados, o PP galego foi relegado para a oposição pela coligação «nacional-socialista» (acho que tem mais graça assim, do que a fórmula P.C. dos jornais que referem «os socialistas e nacionalistas»), do PSOE e Bloco Nacionalista Galego que, juntos, somam agora 38 deputados.
Fraga Iribarne termina hoje a sua longa vida política, aos 82 anos de idade, dos quais, os últimos 15, como presidente da Comunidade Autonómica da Galiza. Político que começou a sua carreira nas fileiras do franquismo, veio a ser um dos actores principais da transição pacífica da ditadura para a democracia, destacando-se como um dos 8 autores da actual constituição espanhola e fundador e dirigente de um dos principais partidos.
Fraga foi um defensor e dinamizador da estreita ligação entre a Galiza e o norte de Portugal, apoiando o estreitamento das ligações culturais, linguísticas e sobretudo económicas e sociais entre as duas regiões vizinhas. Partilhava claramente uma visão de complementariedade e de grande potencialidade dessas duas realidades, embora ainda se tenha caminhado pouco nesse sentido. Espera-se que o novo poder político galego dê continuidade a esta política estratégica, fundamental para ambas as regiões.
Por cá, os poderes autarquicos, universitários e económicos do norte de Portugal tem explorado pouco o potencial económico, logístico e de mercado conjunto das duas regiões. É certo que ainda não existe uma entidade política/administrativa com igual poder de coordenação ao do governo autonómico galego do lado português. Mas, ainda assim, muito mais poderia ser feito.