14.7.05

A DIREITA, AFONSO COSTA E O LIBERALISMO

O Sr. Afonso Costa não foi, nem em actos, nem em pensamentos e, menos ainda, nas acções, um liberal.
A I República (ou as várias «Repúblicas» que nela se incorporaram) foi jacobina, anti-clerical e socialista. O Sr. Afonso Costa, um dos seus protagonistas mais proeminentes, teve aí sérias responsabilidades, ele, também, um socialista genuíno.
Isso não retira responsabilidades à direita portuguesa, a desse tempo, a que a antecedeu e a que lhe veio a suceder, de ter sido ela também verdadeiramente socialista e proteccionista, e de nunca ter encontrado uma justa posição entre «o trono e o altar» e a revolução jacobina.
Infelizmente, a direita portuguesa, por falta de personalidade e excesso de temor reverencial, deixou-se sempre ir atrás dos acontecimentos, das personalidades «carismáticas» e, por consequência, fugiu do liberalismo como o diabo foge da cruz.
Graças a ela, ainda hoje, a I República é «o que por aí se entende por liberalismo» . Se alguém tem indeclináveis responsabilidades na confusão das coisas, foi a nossa direita, afanosamente empenhada em identificar o republicanismo jacobino de então com o pensamento liberal.
Desmontar isto não é fácil, embora as recentes conversões liberais sejam motivo de grande esperança.