11.7.05

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Caro RAF,
Neste teu parágrafo há um pequenino problema: «A Metro do Porto suportou directamente as obras relacionadas com a extensão desta linha, realizadas no Concelho do Porto e Matosinhos, pelo que não me parece que o seu custo deva ser imputado às corridas.»

É difícil que a tua afirmação seja factualmente correcta, uma vez que as linhas até há pouco existentes foram arrancadas*, o que é desde logo uma atitude no mínimo estranha que o Metro pague o arranque das linhas que necessariamente a tal nova linha de Metro utilizaria pois nesse caso terá de pagar duas vezes: o seu arranque e a sua reposição. Em qualquer caso, há sempre um desperdício de dinheiro público.

E persistirá um problema: ou não haverá repetição do Grande Prémio, fruto da re-instalação das linhas, ou não haverá Metro na Boavista, sendo então as obras integralmente suportadas pela CMP. Em qualquer caso, há desperdício de dinheiro público.

Aliás, nem sequer é aceitável continuar-se com dúvidas sobre o que está em causa. A meu ver a autarquia deveria (até deveria ser prática habitual), disponibilizar os contratos com os empreiteiros, os protocolos com o Metro, os contratos com as os patrocinadores, os diversos fornecedores, organização do evento, etc., etc., de forma pública e acessível, no seu site, o que certamente em nada prejudicaria os diversos press-releases ali expostos. Tal prática deveria ser rotineira e habitual, como forma de transparência e permanente escrutínio público por parte dos contribuintes e eleitores.

Em termos políticos, sou, por princípio, contra iniciativas e eventos organizados, financiados e suportados pelos poderes públicos, ainda que existam contrapartidas publicitárias e outras receitas que amenizem ou amortizem os investimentos. Quase sem excepção, a organização de tais eventos socorre-se de medidas excepcionais, fora do do alcance dos restantes cidadãos, utilizam-se e esbanja-se dinheiros públicos com o único objectivo de obter resultados e vantagens exclusivamente políticas e promove a concorrência desleal com iniciativas privadas.

Nesse aspecto fico satisfeito por outros, partilharem a ideia liberal de que « o circuito até poderia merecer o nosso apoio se organizado com dinheiros privados".

Nota final: Sobre o sucesso e adesão popular ao evento, é comparar os números conhecidos com o simultâneo Festival da Francesinha....

* O actual viaduto e as respectivas linhas, aquando da sua construção, foi garantido que as mesmas se destinavam á interligação da Linha do Mercado de Matosinho á Boavista e também á Foz, sendo que a bitola e a estrutura seria compatível até com o eléctrico tradicional.