18.7.05

O «disclosure» de Campos e Cunha; e Is the Oposition getting balled up?

Ontem, no Jornal «Público», Campos e Cunha escreve um artigo, «Economia e Finanças», onde apresenta um conjunto de reflexões sobre o rumo a seguir pela Economia Portuguesa. Saltam à vista de qualquer leitor medianamente atento as considerações feitas sobre as escolhas a fazer ao nível do investimento público e, sobretudo, o cepticismo manifestado - aliás, bastante lúcido - sobre a (in)capacidade do investimento público promover o crescimento económico.

Várias leituras têm sido feitas: para quem são os «recados»? Estará Campos e Cunha «a prazo»?

Campos e Cunha tem sido - se abstrairmos do triste episódio da «reforma» - um Ministro das Finanças sóbrio, «entalado» num PS que ainda não percebeu que o maior entrave ao crescimento está precisamente na obcessão que o Estado tem em liderar a recuperação da Economia.

Parafraseando o filósofo Carrilho, uma «ideia simples»: o Estado não produz riqueza; logo, se quer potenciar o crescimento, deve limitar-se a não interferir com o funcionamento da economia; as empresas não precisam do PRIME, nem que o Estado lhes aponte para que mercados devem exportar. Precisam que as deixem em paz, que limitem a burocracia, e que lhes cobrem poucos impostos.

O governo, pelo contrário, quer «ajudar» as empresas; quer ter um «papel» de liderança na «criação» de riqueza; para isso, têm sido anunciados com pompa e circunstância «planos» de recuperação e crescimento, como o PIIP, Otas e TGV's, subsidiação da economia com o PRIME, e outras bizarrias, como a «política dos três E's» («España, España, España»). O que «dá dó é» que quando ouvimos Manuel Pinho e José Sócrates fica-se com a sensação que estão mesmo convencidos de que seguem o rumo correcto.

Admito que Campos e Cunha tenha percebido que José Sócrates, Manuel Pinho e Cia. estão plenamente convencidos da «bondade» das soluções que têm para o país, e que não vai ser fácil fazê-los mudar de opinião. Por isso escreve o que escreveu ontem. Uma espécie de «disclosure». Para que, em 2009, quando for feito o balanço da desgraça das medidas que hoje estão a ser tomadas, Campos e Cunha possa aparecer de «cara lavada». Porque, José Sócrates e Manuel Pinho podem entrar em aventuras. Campos e Cunha, pelo contrário, tem um prestígio académico e profissional a defender. E não vai querer, no futuro, passar pela vergonha de ser reprovado até pelos seus alunos do primeiro ano da Faculdade...

Rodrigo Adão da Fonseca

P.S. Lendo o «Público» de hoje encontro, a este propósito, uma oposição à direita completamente à toa. Segundo este jornal, Marques Mendes «esclarece» que o investimento não é o caminho para salvar a economia portuguesa, apontando como única alternativa «uma política capaz de apoiar as empresas, a inovação e o desenvolvimento tecnológico e as exportações», ou seja, «uma política nova», que seja «contrária à que este governo está a fazer». Ribeiro e Castro, por seu lado, fala de «elefantes rosa», ataca a insuficiência dos cortes na despesa, acenando com o chavão eleitoralista de que é sua convicção que depois das autárquicas é que o Governo vai imprimir as reformas na sua total intensidade. Para concluir que o caminho a seguir é «o apoio às pequenas e médias empresas e não este keynesianismo de pacotilha».

Uma no cravo, outra na ferradura.

Não, Marques Mendes, não. O país não precisa duma versão «laranja» do Plano Teconógico «rosa», ao bom estilo «vira-o-disco-e-toca-o-mesmo», onde se façam as mesmas asneiras com outros protagonistas.

Não, Ribeiro e Castro, não. O país não precisa de um PRIME «azul-e-amarelo», que seja uma interpretação «sem-ser-de-pacotilha» do escorraçado Keynes.

Se querem liderar a mudança, não façam demagogia. Apresentem ideias novas.

Depois espantam-se que haja quem diga que «A direita não é liberal quando chega ao Poder». Como diz o CAA, ela nem sequer é liberal antes, como o poderá ser depois?

Pobre país o nosso, que nem os governantes nem a oposição «os» têm. É caso para dizer: «They're giving us a ball but, is there any politician with balls, please?».