8.7.05

O mito do Grande Hub III

Já em tempos aqui escrevi que um Hub não se cria por decreto, mas se respeitar dois requisitos fundamentais:
  1. Ter ligações non-stop para vários destinos de longo curso, intercontinentais ou não, devidamente conjugadas com ligações frequentes de pequeno curso para aeroportos secundários situados num raio de 2 a 3 horas de voo, os quais deverão representar no conjunto um mercado potencial de dezenas de milhões de pessoas. Ou seja, o Hub tem de "estar perto" destas;
  2. Que uma grande companhia faça do aeroporto o seu principal centro de operações.

Não consigo descortinar quaisquer atractivos especiais à Ota para desviar os enormes fluxos de tráfego que, das rotas do Atlântico Norte, Atlântico Sul, África, Médio e Extremo Oriente e Europa de Leste se canalizam para Londres, Paris, Frankfurt, Amsterdam e Madrid, os maiores Hubs europeus, com uma situação geográfica bem mais favorável e qualquer um deles movimentando mais de 30 milhões de passageiros/ano. Não por acaso, constituem as bases operacionais das maiores companhias europeias.

Quanto ao último requisito, estamos conversados. Não será a TAP, com os seus míseros 5,5 milhões de passageiros anuais, que será capaz de dinamizar um Hub. A sua vantagem comparativa actual é nos destinos turísticos do nordeste brasileiro, sendo a TAP a única companhia europeia que para lá opera voos reglares non-stop. Mas tenha o turismo naquela região um grande desenvolvimento e maior notoriedade, que as majors europeias (Air France/KLM, Lufthansa, British Airways e Iberia nos voos regulares e várias companhias de voos charter) facilmente abrirão rotas directas para as cidades do nordeste do Brasil.