28.9.05

Leituras: Capitalism, Socialism and Democracy.

Publicado originalmente em 1942, e com edições subsequentes em 1947 e 1950, "Capitalism, Socialism and Democracy" é uma importante obra de Joseph A. Schumpeter. A edição analisada é a edição de 1976 da editora Harper Perennial, New York. A obra inicia-se com uma análise do pensamento marxista e termina com uma apreciação da história dos movimentos socialistas. Pelo caminho discute-se a temática da Democracia. A nossa breve análise irá incidir apenas sobre alguns aspectos daquilo que diz respeito ao capitalismo, e irá iniciar-se pelo capítulo VII da obra, "The process of creative destruction".

O processo de "creative destruction" é descrito em poucas páginas, partindo do princípio segundo o qual "in dealing with capitalism we are dealing with an evolutionary process" (pág. 82). J.A. Schumpeter alega que são os novos produtos, os novos métodos de produção ou de transporte, as novas formas de organização industrial que constituem o impulso fundamental que mantém "the capitalist engine in motion" (pág. 83).

A "creative destruction", na opinião do autor, "incessantly revolutionizes the economic structure from within, incessantly destroying the old one, incessantly creating a new one" (pág. 83). A concorrência, para Schumpeter, estabelece-se entre a nova tecnologia e a tecnologia anterior, mais ainda do que entre entidades com tecnologia semelhante.

Mencionaremos ainda brevemente o interessante texto relativo aos intelectuais, os quais são vistos como pessoas que decidem "talk or write about subjects outside of their professional competence" (pág. 146), notando-se, relativamente a algumas questões, a "absence of that first-hand knowledge of them which only actual experience can give" (pág. 147).

Para o autor, o advento de um grande número de pessoas com formação superior e com dificuldade em obter emprego poderia ser uma das razões pelas quais alguns intelectuais se dedicam à crítica social, uma vez que "discontent breeds resentment" (pág. 153).

Par terminar, mencionaremos que duas das questões às quais o autor tenta dar resposta são as mesmas que servem de título à segunda e à terceira partes do livro, respectivamente, "Can capitalism survive?" e "Can socialism work?". Para o autor, "No. I do not think it can" e "Of course it can" são as respostas.

No que respeita à evolução histórica até ao início do século XXI, estas conclusões de J.A. Schumpeter apresentam-se, aparentemente, notoriamente erradas, nomeadamente no que respeita ao capitalismo, o qual, não só sobreviveu, como tomou conta de áreas do planeta dominadas em 1942 pelo socialismo.

Contudo, o incremento do papel do Estado em muitas sociedades democráticas vem colocar alguma reserva relativamente ao conceito segundo o qual também o prognóstico de Schumpeter relativamente ao socialismo estaria errado, sobretudo se fizermos o exercício de substituir esta palavra, sempre que apropriado, por "estatismo".

José Pedro Lopes Nunes