30.9.05

Concorrência no mercado automóvel: ROMÉNIA-1 vs. CHINA-0 (ao intervalo)!

Em França, contra todas as expectativas e anúncios precedentes, a RENAULT lançou no mercado interno o novo LOGAN - em rigor, o DACIA (Renault) LOGAN.

Trata-se de um automóvel que apresenta como principal factor concorrencial, no respectivo mercado relevante (o segmento dos automóveis utilitários, porém, de carácter familiar), o preço: com 7.500 Euros já se pode comprar um LOGAN novinho em folha!

Por esse preço, ou se trata de uma versão popular de um Smart, ou então, será uma espécie de micro carro, com a tecnologia e as características espartanas dos automóveis japoneses dos anos de 1970....pensarão os leitores que ainda não tiveram a oportunidade de conhecer o dito veículo!

Nada disso. O carro até é bonito, é espaçoso (4 portas) e, se bem que sem acessórios superlativos, o facto é que se trata de um automóvel igual aos outros. O motor, bem...o motor é o de um normal Renault Megane!

O sucesso comercial está a ser tanto que, se quisermos, agora, encomendar o dito LOGAN, teremos que esperar 6 a 7 meses pela respectiva entrega. Chegaram-se a vender, em certos concessionários, 40 viaturas em pouco mais de duas semanas.

Este novo produto resulta tão simplesmente de uma parceria que a Renault fez com o mais tradicional construtor romeno que, de resto, se encontrava em pré-falência: a DACIA.

O automóvel é, desta forma, todo ele construído na Roménia, todo ele fabricado à mão (como nos anos sessenta) e pensado originariamente para os mercados do leste.
Com efeito, nas fábricas da DACIA, a média salarial é de 200 Euros/mês. Claro está que, apesar de tudo, na Roménia, um LOGAN é um bem de luxo - apesar da sua imensa popularidade.

Ora, o que se estranha nesta história de sucesso é o facto de a comercialização do dito carro, em França e contra tudo aquilo que os responsáveis pela Renault tinham afirmado publicamente há cerca de um ano atrás, ter sido desencadeada rápida, precipitadamente e sem grandes preparações ou campanhas de marketing. De repente, foi decidido vender-se o carro, de qualquer forma e a todo o gás!

Qual a razão de ser? Simples, trata-se do "factor GEELY"!

A espionagem industrial da Renault soube antecipadamente que um construtor chinês, o fabricante dos automóveis GEELY, preparava-se para entrar nos mercados europeus, em especial, no francês.

Ora, o que é que os carros GEELY têm de especial: aparentemente, são em tudo iguais a outros quaisquer, designadamente, aos tão populares SUV; porém, lá voltamos ao preço:
com 3200 Euros (repito: três mil e duzentos Euros) será possível comprar um GEELY; se o consumidor se dispuser a pagar um pouco mais, enfim, o preço do Renault LOGAN, então poderá mesmo levar um GEELY topo de gama, luxuoso e confortável.

Ah, a coisa explica-se de uma forma simples. Segundo o próprio Presidente da GEELY, em entrevista muito difundida nos órgãos de comunicação social gauleses, a média salarial, nas suas fábricas, é de 50 Euros/mês, ou seja, 4 vezes menos do que na DACIA romena. O seu sonho, bom?. o seu sonho é introduzir e popularizar nos mercados europeus o seu GEELY, por enquanto, ainda com a tecnologia ocidental copiada e debatendo-se com um problema: em testes já realizados, trata-se do veículo mais inseguro e perigoso (segurança passiva) do mundo!


Claro está que estas guerras de preços, no sector automóvel, não se deverão fazer sentir por aí além, entre nós.
É evidente que com o nosso IA + IVA a 21%, calculado sobre o próprio preço com IA, aqui, a comercialização quer dos DACIA, quer eventualmente dos GEELY atingirá outros preços que já amortecerão, seguramente, o efeito espectacular (e de "choque" para o consumidor) desta guerra comercial...