30.1.06

Blasfémia

Um escritor dinamarquês, Kåre Bluitgen, teve dificuldade em encontrar um ilustrador para um seu livro que abordava a vida do profeta Maomé. Sabendo-se que para aquela religião a representação artística da forma humana é proibida e em especial a relativa à figuração do Profeta, os 3 ilustradores que contactou recusaram tal encargo, por receio das suas vidas.
O jornal de maior tiragem da Dinamarca, o Jyllands-Posten, sabendo do caso, entendeu que tal constituia uma limitação da liberdade de expressão. Convidou então 40 artistas para apresentarem ilustrações. Receberam e publicaram 12 cartoons, alguns dos quais relacionando o Profeta com os actos de violência, que por vezes são cometidos em seu nome.
A sua publicação suscitou de imediato reacções da comunidade muçulmana local, depois expandiu-se ao Paquistão, India, Egipto, num total de 11 países. Já é assunto da Conferência Islâmica, e da ONU. A Líbia encerrou a sua embaixada em Copenhaga e a Arábia Saudita chamou o seu embaixador. Entretanto, iniciou-se um boicote aos produtos da Dinamarca e da Noruega em alguns países. O jornal lamentou posteriormente que a sua atitude tenha involuntariamente ofendido algumas pessoas, mas reafirmou o princípio da liberdade de expressão. A Confederação da Indústria Dinamarquesa acusou já o jornal de provocar graves prejuízos ao país. Mas o director deu a única resposta digna: «não pode, nem pedirá desculpas».
Como é frágil a liberdade.