O tema é recorrente.
A nossa "luso burocracia" é uma característica nacional. Não é uma simples burocracia, como outra qualquer. Nem sequer é uma burocracia neutra, um instrumento de organização racional, tal como foi descrito e teorizado por Max Weber.
Não! A burocacia nacional é interventiva; pretende "ginasticar" os seus destinatários (ou seja, os cidadãos) na difícil arte da "paciência oriental".
Bem vistas as coisas, faz-nos um favor que, muitas vezes, não compreendemos: falando de paciência, vai-nos preparando para a terrível competição Chinesa. Pena é que só sejamos por ela (pela burocracia) exercitados neste item (o da paciência)!
Voltando à teoria de Weber, esta descrevia sete princípios fundamentais, estruturantes da própria ideia de burocracia, a saber:
1- Formalização: existem regras definidas e protegidas da alteração arbitrária ao serem formalizadas por escrito.
2 - Divisão do trabalho: cada elemento do grupo tem uma função específica, de forma a evitar conflitos na atribuição de competências.
3- Hierarquia: o sistema está organizado em pirâmide, sendo as funções subalternas controladas pelas funções de chefia, de forma a permitir a coesão do funcionamento do sistema.
4 - Impessoalidade: as pessoas, enquanto elementos da organização, limitam-se a cumprir as suas tarefas, podendo sempre serem substituídas por outras - o sistema, como está formalizado funcionará tanto com uma pessoa como com outra.
5- Competência técnica: a escolha dos funcionários e cargos depende exclusivamente do seu mérito e capacidades, havendo necessidade da existência de outras formas de avaliação objectivas.
6- Separação entre propriedade e administração: os burocratas limitam-se a administrar os meios de produção, não os possuem.
7 - Profissionalização do funcionário.
Estes princípios visavam, na teoria de Weber, propiciar a máxima racionalização e eficiência de uma qualquer organização. Será interessante, com um espírito de curiosidade histórica e académica, comparar o modo geral do funcionamento da nossa burocracia, com os princípios referidos. Começando, desde logo, pelo da competência técnica e pelo da profissionalização do funcionário que, pressupõe-se, implicará correspectivamente a sua adequada preparação.
PS - Claro que este post não tem nada a ver com uma parte significativa das notícias de hoje, na nossa imprensa....Estas serviram apenas de pretexto lateral. Com efeito, as medidas anunciadas são positivas, no entanto, uma andorinha não faz a primavera ....neste caso, ainda nem sequer começou a voar.
Mas que nos traz alguma esperança, lá isso traz!