26.1.06

O Estado Filantropo ou a Síndrome de Estocolmo

Escreve ccs :

Em Portugal, a ?sociedade civil? é um produto do Estado que a emprega e a subsidia e lhe garante o essencial. O país, na sua generalidade, ?sociedade civil? incluída, remedeia-se à custa do Estado. Ao contrário do que os liberais apregoam, o Estado, entre nós, não está na origem dos problemas: é chamado à resolução dos mesmos, com natural espalhafato.


Creio que há nesta tese uma inconsistência qualquer. A não ser que o estado tenha uma mina de ouro, que pelos vistos não tem, não se percebe onde é que vai buscar os recursos para apoiar a sociedade civil. Será que o vai buscar à Sociedade Civil via impostos? E os impostos não são um fardo para a sociedade civil? E o desperdício e as injustiças que essas transferências arbitrárias criam não destroem ainda mais qualquer hipótese de uma Sociedade Civil autónoma? Afinal, se a despesa pública é considerada uma ajuda à Sociedade Civil, então, pela mesma razão, os impostos têm que ser considerados um custo imposto pelo estado à sociedade civil. No fundo, estamos a falar de uma conta de subtrair. Se o estado cobra 50% da riqueza nacional à sociedade civil, distribuindo, num cenário optimista, 30% (ficando com 20% para despesas "burocráticas"), então é só fazer as contas:

30%-50%=-20%

O saldo é negativo. A Sociedade Civil sai a perder. A ajudas deste tipo dispensam-se. Podemos parar de fingir que o estado ajuda a Sociedade Civil com uma fracção do dinheiro que lhe consegue sacar.