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Este género de exercícios de hipocrisia política são extraordinariamente nocivos para quem os pratica e dão mau nome à política e aos políticos. No caso do CDS, não é necessário ser um génio ou um acutilante observador para perceber o ambiente de guerra aberta que existe entre o grupo parlamentar constituído por antigos dirigentes afectos a Paulo Portas e Ribeiro e Castro. Negar esta evidência que, de resto, nos tem entrado casa dentro quase todos os dias, é insinuar a estupidez das pessoas que têm assistido à balcanização do CDS desde as últimas eleições legislativas.
Coisa diferente é não ser, por enquanto, conveniente ao grupo de opositores de Ribeiro e Castro um Congresso extraordinário para discutir a liderança do partido a três anos das próximas eleições legislativas. Obviamente que seria muito mais interessante continuar a assar Ribeiro e Castro em lume brando nos próximos tempos, deixando-lhe a despesa de um longo e inevitável desgaste de oposição. Mas não é uma atitude séria. Melhor será que cada um assuma as suas responsabilidades - começando, desde logo, pelo próprio Ribeiro e Castro, que terá de decidir se quer continuar a ser líder em «part-time» ou a tempo inteiro - ou, em alternativa, vá tratar da vida para outro lado.