19.3.06

e marcelo?

No meu «fotopost» sobre o «evolucionismo social-democrata» faltavam as fotografias de vários ex-líderes do partido laranja. Na caixa de comentários alguns leitores mais atentos referiram-nos a quase todos, nomeadamente Emídio Guerreiro, Sousa Franco, Mota Pinto e Rui Machete, muitos deles já falecidos e que exerceram essas funções passageiramente e há muito tempo atrás.
Ninguém se lembrou, por estranho que pareça, de Marcelo Rebelo de Sousa. Acrescentada à versão original do «post» uma gravura de Cristo, em referência à sua célebre afirmação de que nem que o Salvador descesse à terra seria candidato à liderança, Marcelo continuou esquecido. Um dos comentadores disse até que não entendia o que fazia Jesus Cristo, «o maior revolucionário de todos os tempos», no fim da fila.
Marcelo Rebelo de Sousa não foi o «maior revolucionário de todos os tempo», nem sequer o maior dirigente que o PSD teve até hoje. Mas foi-o há pouco tempo e durante muito mais tempo do que todos os outros «esquecidos». Continua na vida política com presença activa e permanente. Por que razão foi então esquecido?
Francamente, só vejo uma. Desde que há uns anos Marcelo apostou no comentário político televisivo semanal para se manter no «activo», a força da televisão e das suas prestações fizeram esquecer os tempos da política partidária. O «Professor Marcelo», cujo talento e brilho são universalmente reconhecidos (excepção feita a Rui Gomes da Silva), substituiu o líder Marcelo, que agradava apenas a alguns entusiastas do PSD. A televisão é o instrumento político por excelência do nosso tempo e tanto serve para fazer líderes de partidos, como para os fazer esquecer ou substituir por líderes de opinião.
Uma lição a que o Dr. Paulo Portas deverá estar atento, agora que, na senda de Marcelo, se estreou no comentário político televisivo regular.