É muito interessante analisar o discurso do responsável máximo pelo Millenium BCP, após o anúncio da OPA sobre o BPI. Sobretudo, tendo em conta que o rigor e a determinação são algumas das virtudes reconhecidas generalizadamente a Paulo Teixeira Pinto.
Além de, unilateralmente, ter qualificado tal OPA como "não hostil" (será curioso ver agora como é que os responsáveis pelo BPI a considerarão), propõe um conceito novo: "fusão unilateral".
No caso concreto, até se percebe a ideia e não deixa de ter algum sentido, numa perspectiva basicamente...unilateral. Por outro lado, há também aqui a manifestação (no caso...com ou sem propriedade) de um "tique" muito lusitano: o evitar-se a ideia de confronto, o não se assumir a existência de interesses divergentes, a tentativa de garantir um consensualismo de posições, um certo "unanimismo" de opiniões, mesmo em domínios que, por excelência, vivem da dinâmica do livre jogo da oferta e da procura, do confronto de interesses antagónicos e da sua permanente tentativa de composição, da contratualização, enfim, da divergência vontades e de posições (uns querem comprar, outros vender...), como é o caso do mercado financeiro, ou o de qualquer outro mercado!
Agora, extravasando o domínio em causa, seria interessante poder explorar a ideia inovadora noutras perspectivas, falando-se, por exemplo, em "casamentos unilaterais", em "empréstimos unilaterais" ou em "auto-empréstimos". Ou então - já agora! - em "capitalismo sem risco", em "mercado sem concorrência", etc., etc., etc.
