A minha conhecida incapacidade cognitiva impediu-me de compreender, até ontem, em que consiste o famoso «Plano Tecnológico Nacional».
Acresce que tenho, também, uma certa desconfiança rural sobre o mundo tecnológico. Não direi, como alguns fundamentalistas religiosos, que por detrás da ciência e da tecnologia se esconde o mafarrico, mas penso sinceramente que para espíritos limitados como o meu, cada inovação é uma complicação: só serve para atrapalhar a minha primária existência e reforçar os enormes e visíveis complexos de inferioridade intelectual que me caracterizam.
Ontem, precisamente, por estrito dever de ofício, assisti a uma conferência sobre o assunto que me fez perceber finalmente o que pretende o nosso governo e em que consiste o «ambicioso Plano».
Acresce que tenho, também, uma certa desconfiança rural sobre o mundo tecnológico. Não direi, como alguns fundamentalistas religiosos, que por detrás da ciência e da tecnologia se esconde o mafarrico, mas penso sinceramente que para espíritos limitados como o meu, cada inovação é uma complicação: só serve para atrapalhar a minha primária existência e reforçar os enormes e visíveis complexos de inferioridade intelectual que me caracterizam.
Ontem, precisamente, por estrito dever de ofício, assisti a uma conferência sobre o assunto que me fez perceber finalmente o que pretende o nosso governo e em que consiste o «ambicioso Plano».
Posso dizer que o PTN (as siglas em maiúsculas são apropriadas para este efeito) tem um passado, um destino e uma ética: principiou no célebre Conselho Europeu de Lisboa de 2000, com a aposta no reforço da «Europa social», e regressou em 2005 pela mão do Programa Nacional de Acção para o Crescimento e o Emprego 2005-2008, apresentado à Comissão Europeia pelo governo português; tem por objectivo criar um «Portugal (de) Novo», que assentará na trilogia mística do CTI (Conhecimento - Tecnologia - Inovação); e legitima-se no valor moral e político do crescimento económico e do emprego.
Lidas as linhas gerais do PTN, facilmente se compreende que ele resulta da convicção de que cabe ao governo e aos poderes públicos a criação de condições sociais, económicas e culturais para o desenvolvimento do país. Apesar de pretender implementá-lo em colaboração com a «sociedade civil» e as suas estruturas, a verdade é que a esmagadora maioria das medidas são, como aqui se pode constatar, de pura intervenção governamental. Em síntese, o governo quer «qualificar os portugueses para a sociedade do conhecimento», quer «vencer o atraso científico e tecnológico», e quer «imprimir um novo impulso à inovação», em vez de permitir que os indivíduos, as empresas e o mercado o façam e lá cheguem pelos seus próprios meios. Para isto, o governo e o gabinete do plano criarão bolsas, postos de trabalho, repartições públicas, bibliotecas digitais, conteúdos culturais (?), turmas e cursos de inglês, redes de cinema digital e de telemática de informação, vales (?) de ciência e tecnologia, institutos, fundações, etc., etc, etc.
Sacudido a poeira, em última análise o PTN assenta numa mesma filosofia que tem como antecedentes próximos o célebre «copo de leite» distribuido nas escolas primárias pelo Engº Roberto Carneiro (que tiraria gerações de portugueses do obscurantismo e os lançaria nas «luzes» da civilização e do progresso) e a não menos famosa «paixão pela educação» do Engº Guterres. Em comum estes três arrojados planos partilham dois aspectos: não servem para nada, a não ser para gastar recursos que saem do PIB, e foram sempre concebidos por engenheiros.
Lidas as linhas gerais do PTN, facilmente se compreende que ele resulta da convicção de que cabe ao governo e aos poderes públicos a criação de condições sociais, económicas e culturais para o desenvolvimento do país. Apesar de pretender implementá-lo em colaboração com a «sociedade civil» e as suas estruturas, a verdade é que a esmagadora maioria das medidas são, como aqui se pode constatar, de pura intervenção governamental. Em síntese, o governo quer «qualificar os portugueses para a sociedade do conhecimento», quer «vencer o atraso científico e tecnológico», e quer «imprimir um novo impulso à inovação», em vez de permitir que os indivíduos, as empresas e o mercado o façam e lá cheguem pelos seus próprios meios. Para isto, o governo e o gabinete do plano criarão bolsas, postos de trabalho, repartições públicas, bibliotecas digitais, conteúdos culturais (?), turmas e cursos de inglês, redes de cinema digital e de telemática de informação, vales (?) de ciência e tecnologia, institutos, fundações, etc., etc, etc.
Sacudido a poeira, em última análise o PTN assenta numa mesma filosofia que tem como antecedentes próximos o célebre «copo de leite» distribuido nas escolas primárias pelo Engº Roberto Carneiro (que tiraria gerações de portugueses do obscurantismo e os lançaria nas «luzes» da civilização e do progresso) e a não menos famosa «paixão pela educação» do Engº Guterres. Em comum estes três arrojados planos partilham dois aspectos: não servem para nada, a não ser para gastar recursos que saem do PIB, e foram sempre concebidos por engenheiros.