O governo vai mesmo para a frente com a ideia da publicação da lista dos devedores do fisco. Mas com uma nuance: só serão publicados os nomes dos grandes devedores. O que é compreensível. Os grandes devedores são poucos e ricos, pelo que não se perdem muitos votos com a medida. Aliás, até se poderão ganhar alguns se a demagogia contra os ricaços que fogem ao fisco for bem feita.
Algum espírito mais optimista poderia pensar que esta seria uma oportunidade para a oposição defender os direitos dos cidadãos contra mais esta devassa do estado. Mas não. De acordo com o Público, o PSD está mais preocupado com a eficiência da devassa do com a devassa em si mesma. Ao que parece, para o PSD, a quebra do sigilo bancário, desde que massificada, é uma devassa mais eficiente do que a quebra do sigilo fiscal. Por seu lado, o CDS-PP parece aceitar a devassa desde que a uma comissão qualquer para a protecção de dados também concorde, o que não deixa de ser uma forma segura e bem comportadinha de fazer política.
PS - Note-se que a desigualdade na devassa é tida como um aspecto positivo da proposta do governo. O que não deixa de ser paradoxal numa sociedade que tanto preza a igualdade.