11.9.06

fanatismos

É extenso o índex de pecados que o CAA conseguiu descortinar neste meu «post», ainda que muitos deles não figurem por lá, tal como dizer-se que o «laicismo é uma utopia milenarista», ou que tenha sido somente «o sentimento religioso a varrer o comunismo».
Nestas coisas de fé tenho por princípio não hostilizar os crentes, porque, ao invés do CAA, como liberal, não acredito que os fundamentalismos derivem «de estruturas organizativas, estatais ou privadas, em que a individualidade se esfuma para ser ofertada ao colectivo». Ao contrário, eu julgo que os fundamentalismos assentam em convicções individuais, desde logo, as dos que dirigem as ditas «estruturas organizativas», até aos que as seguem sem mesmo as questionar. Nisto, como em tudo, prefiro sempre o princípio da liberdade e da responsabilidade individual, desde que aplicada a seres adultos e racionais, do que desculpabilizá-los com explicações colectivistas. Parece que o velho slogan da esquerda que queria atenuar a culpa dos criminosos, imputando a responsabilidade dos seus actos à «sociedade», tem agora, no caso do terrorismo islâmico, uma nova formulação: a culpa, coitadinhos, é mais das «estruturas», dos «dogmas», enfim, da «religião», do que propriamente deles. Nessa, muito francamente, não me apetece embarcar.###
Como me parece igualmente excessivo e digno de reparo conseguir-se, a propósito do 11 de Setembro, começar pela crítica ao fanatismo religioso vigente nalguns países islâmicos e, fazendo um paralelismo sem paralelo, aterrar nas sociedades ocidentais, reclamando igualmente para ambas as virtudes da laicidade. Sociedades ocidentais nas quais o CAA vê perigos imensos dos «fundamentalistas do lado de cá», «por enquanto (...) relativamente circunscritos», obviamente, à «Opus Dei»! Não creio que haja nisto qualquer espécie de rigor.
Este tipo de exercícios sobre religião, onde se confundem realidades inconfundíveis, ou costumam ter segundas intenções (como sucedeu nas muitas «laicizações» sociais vertical e abusivamente impostas, ao longo da história, pelo poder político), o que não é obviamente o caso do CAA, ou resultam da exaltação e da cegueira muito própria dos crentes. Não voltarei, por isso, a pronunciar-me sobre o assunto, sob pena de excomunhão.