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Com a laicidade passa-se algo de semelhante: pretende-se impor sobre as mais íntimas convicções pessoais e individuais, o manto diáfano do nada absoluto. Ora, se nunca isso foi possível, numa altura, como a nossa, em que os homens vivem momentos terríveis de crise existencial, provocados pela aceleração das coisas e por uma profunda mutação dos seus padrões civilizacionais, pedir-lhes que metam na gaveta a sua esperança numa vida para além desta, é pedir-lhes o impossível.
Este é, ao contrário do que diz o CAA neste «post», o sentido de uma laicidade totalitarizante, verdadeira religião oficial de todos os despotismos contemporâneos, que decreta a inexistência de Deus não apenas às instituições públicas (questão já há muito ultrapassada nas sociedades democráticas), mas sim às próprias consciências dos indivíduos. Porque, ao invés do que afirma o CAA neste «post», são crenças individuais que estiveram e estarão em causa nos vários fanatismos religiosos do nosso tempo e de tempos pretéritos. Os homens sempre mataram e continuarão a matar por «amor a Deus», como o fazem, de resto, por amor (e ciúme) aos outros. Faz parte da sua condição e da sua natureza.